Sindilojas Porto Alegre quer atuar como interlocutor nas negociações contratuais entre lojistas e shoppings centers
Café com Lojistas “Negociando com shoppings centers no cenário atual” reuniu cerca de 100 varejistas de centros comerciais na manhã desta terça-feira, dia 24
Cerca de 100 empresários, representando em torno de 300 lojas de shoppings da Capital, estiveram presentes na manhã desta terça-feira (24), no Auditório Henrique Gerchmann do Sindilojas Porto Alegre (rua dos Andradas, 1234/9ª andar), no Café com Lojistas “Negociando com shoppings centers no cenário atual”. O evento contou com a palestra de Leonel Taffarel, consultor de negócios, e Roberto Xavier Lopes, especialista em contratos empresariais, além da presença do presidente da Entidade, Paulo Kruse, o diretor de Comunicação e Marketing, Antonio Gomes, e o presidente da CDL POA, Alcides Debus. A pauta do dia foi única entre os empresários presentes: a grande necessidade de negociações especiais com os centros comerciais diante do atual cenário econômico e mudança de comportamento do consumidor. O objetivo é a revisão contratual, especialmente quanto as cláusulas unilaterais que oneram o comércio.
“A relação entre lojista e shoppings centers está tão estremecida quanto há 10 anos atrás. Entretanto, está hoje em evidência devido a mudança do cenário econômico. Se as lojas não atingem o mesmo resultado, é inviável seguir com as mesmas taxas de aluguel e custos de ocupação, por exemplo”, é o que afirmou o especialista em contratos empresariais, Leonel Taffarel.
Segundo Paulo Kruse, nos últimos 3 anos as vendas do varejo de Porto Alegre caíram cerca de 20%, enquanto que os aluguéis em shoppings centers sofreram reajustes em torno de 30%. “E é diante dessa retração econômica os lojistas de shoppings estão se mobilizando com o respaldo das entidades empresariais para buscar força e representatividade em suas reivindicações”, afirmou. A proposta levantada na reunião é que todos os contratos e negociações dos varejistas com os centros comerciais aconteçam por meio de entidades como Sindilojas Porto Alegre, juntamente com suas assessorias jurídicas. “Uma loja de pequeno e médio porte, na maioria das vezes, não possui margem de negociação com o shopping center. No entanto, a situação muda quando isso ocorre com o respaldo legal da Entidade que amplia a reivindicação dando voz as necessidades de todos os comerciantes”, disse Kruse.
Por sua vez, o presidente da CDL Porto Alegre, Alcides Debus, lembrou que essas reivindicações já são antigas entre os empreendedores gaúchos. “A única certeza que os lojistas de shoppings centers possuem é que, vendendo ou não, terão que pagar os elevados custos mensais de ocupação. E muitos, que já não estão conseguindo mantê-los, se veem obrigados a fechar as suas lojas”, observou. “Isso não é bom nem para os empresários, nem para a Administração dos shoppings e, muito menos, para os consumidores finais”, advertiu Debus. “Aliás, segundo pesquisa realizada pela CDL POA com os proprietários de lojas, ficou claro que, se estas reivindicações não forem atendidas, estima-se um aumento significativo no número de vacância nas operações de shoppings em Porto Alegre, que já é significativo”, ressaltou Alcides Debus, complementando que, após a realização de alguns encontros com lojistas, já foi percebido que os shoppings estão mais sensíveis em relação às demandas apresentadas. “É preciso flexibilidade entre as partes para o alcance do equilíbrio nas relações”, assegurou o dirigente da CDL POA.
Na mesma linha, Roberto Xavier Lopes disse que o comércio enfrenta um ciclo vicioso de cobrança de shoppings, que cresce constantemente sem nenhuma redução por parte dos empreendimentos. E isso, somado à alta da inflação, ao baixo poder de compra dos consumidores, aos elevados custos operacionais e à crescente despesa com mão de obra cada vez mais impede o crescimento sustentável dos negócios. “O varejo brasileiro sofreu queda de 7,3% em 2016 e no mesmo período a taxa de vacância em Porto Alegre cresceu 10%. Mesmo diante disso, a necessidade de renegociação individual de um lojista ainda não recebe a importância que o varejista espera”, explicou. A solução, segundo Lopes, é desenvolver ações individuais coordenadas através da entidade de classe. Ou seja, por meio da representatividade legal e da união da categoria.
Nesse sentido, os lojistas participantes do evento reforçaram a importância de que todos os varejistas sejam pautados pelas mesmas reivindicações: a abertura dos custos e despesas condominiais, custos de ocupação, a redução da taxa de aluguel, multa rescisória, fundo de promoção e a eliminação do 13º aluguel.