Varejo deve buscar mercados inexplorados

Coordenador da ESPM-Sul destaca a necessidade de produtos e promoções para os turistas durante a Copa de 2014

Estar atento ao desejo do consumidor, ter criatividade e procurar um diferencial que atraia quem também compra em lojas de redes são iniciativas que devem estar nos planos de pequenos empresários do varejo.

A afirmativa do coordenador da ESPM-Sul, Flávio Martins, é um alerta para driblar a vantagem dos grandes lojistas no mercado.

Para ele, buscar nichos não explorados pelas varejistas de porte não só é uma iniciativa importante, como deve ser constantemente replanejada.

O especialista – que palestrou ontem pela manhã na sede do Sindilojas POA –, também pontua que o varejo gaúcho deve pensar com antecedência em produtos com um toque de regionalismo, buscando chamar a atenção dos turistas durante a Copa de 2014.

“O grande desafio das empresas em mercados altamente ofertados, é achar espaço para competir”, observa Martins.

Ele alerta que essa é uma necessidade fundamental para o pequeno varejo, que precisa “encontrar um sentido para ser procurado pelos consumidores”.

Neste caso, as soluções passariam por implementação de mix de produtos diferenciados, atendimento exclusivo, com mais suporte ao cliente e conhecimento do produto e até venda personalizada, realizada na casa do cliente.

“Se não trouxer nada diferente, o pequeno ficará a mercê do que é definido pelos grandes lojistas.”

O especialista lembrou ainda que os consumidores de hoje estão mais preparados que os próprios vendedores.

“Eles estudam os produtos na internet, enquanto o funcionário que atende na loja física, muitas vezes, nem sequer recebe treinamento.”

Este é, justamente, um dos gargalos que o varejo gaúcho deve resolver antes da Copa de 2014, segundo Martins. Mas não é o único, nem o principal.

“Além de capacitação das equipes e contratação de funcionários bilíngues, será preciso pensar em preços e listas de produtos universais. Para aproveitar a empolgação dos turistas com o mundial, pode-se pensar em produtos que lembrem o evento”.

O coordenador da ESPM-Sul avalia que “o nível de atendimento do comércio gaúcho é bom”.

O problema, de forma geral, é a adaptação ao gosto internacional, ainda não providenciada para os eventos futuros, sentencia.

“É preciso pensar que os turistas vão querer comprar coisas típicas, levar um pouco do País para casa.” Martins observa que ainda “falta planejamento” nesse sentido.

“Já se poderia estar pensando em ter bandeirinhas e adesivos do Rio Grande do Sul, embalagens regionalizadas, entre outros produtos voltados ao consumidor de fora do Estado”, exemplifica.

Presente na plateia (que contou com mais de 100 lojistas), o proprietário da RB Casa das Calcinhas, Roberto Silveira, admite que o comércio de Porto Alegre “não está preparado” para receber os turistas da Copa.

“Vai ser um caos. Teremos inúmeros visitantes internacionais e vejo que a maioria das lojas não está preparada nem com a questão do idioma”, opina Silveira.

Segundo ele, a RB está contratando “pelo menos” um profissional bilíngue para trabalhar em cada uma das seis unidades da rede.

O empresário comenta ainda que “busca estar sempre se aprimorando e treinando a equipe” de 49 funcionários. Mas adverte que, como consumidor, tem uma experiência “ruim” de atendimento, de forma geral, no comércio local.

O vice-presidente do Sindilojas, Paulo Kruse, ressaltou a importância de palestras de capacitação, principalmente de pequenos lojistas.

“Em geral, os menores não têm como bancar consultorias para entender às mudanças do varejo no mundo.”

O dirigente ainda ressaltou que a entidade vem tentando, constantemente, “abrir o caminho” para que os comerciantes gaúchos se preparem não só para receber turistas de eventos internacionais, como se posicionem melhor no mercado.

“Porto Alegre é um grande polo varejista mas, somente agora, o Brasil está percebendo que este setor ainda pode se modernizar.”

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