Porto Alegre tem menor taxa de desocupação
Mas falta na região de mão de obra qualificada
Com baixa taxa de desocupação nos últimos anos, Porto Alegre passou a enfrentar o problema da falta de mão de obra qualificada. Indústrias e empresas comerciais e de prestação de serviços estão enfrentando dificuldades para contratar de soldadores a operadores de caixa, de gerentes a vendedores especializados, entre outras funções.
“”Os lojistas estão percebendo isso há mais ou menos um ano e meio””, destaca o vice-presidente do Sindicato dos Lojistas do Comércio da capital gaúcha, Paulo Kruse. “”Empregamos 100 mil pessoas e temos déficit de mão de obra de 12 mil””, revela José de Jesus Santos, presidente do Sindicato da Hotelaria e Gastronomia de Porto Alegre e região metropolitana.
Os índices mais recentes colocam Porto Alegre e sua região metropolitana no topo da tabela do emprego. A Pesquisa Mensal de Emprego do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostrou que em julho a taxa de desocupação da cidade e municípios vizinhos caiu para 3,8% e manteve-se como a menor do País.
Apesar dos resultados recentes, a variação do índice do IBGE, de 4% em junho para os 3,8% de julho, deve-se a uma queda da procura por trabalho. “”A população economicamente ativa (PEA) caiu de um mês para o outro””, informa o supervisor de informações do órgão no Rio Grande do Sul, Ademir Koucher, referindo-se à redução de 1,97 milhão de pessoas para 1,91 milhão de pessoas. Oscilações dessa ordem são consideradas naturais pelos técnicos, que não apontam motivos específicos.
Representantes dos trabalhadores confirmam que o mercado está receptivo para mão de obra qualificada. “”O comércio tem vagas há mais de um ano, mas as empresas querem mais qualificação””, constata o secretário da Juventude do Sindicato dos Comerciários, Jefferson Tiego. “”Há grandes lojas que querem gerentes com curso superior ou revendas que pedem vendedores com conhecimento dos automóveis de maior valor.””
Na tentativa de suprir a carência dos filiados, os sindicatos patronais passaram a oferecer cursos de formação e qualificação de trabalhadores para as respectivas áreas. O Sindilojas promove palestras em escolas nas quais fala sobre o mercado de trabalho e distribui fichas para interessados. Quem se candidata passa por uma entrevista com psicóloga e depois é treinado no próprio sindicato para funções como as de operador de caixa, vendedor, atendente ou estoquista, entre outras. O Sindicato da Hotelaria e Gastronomia já qualificou 15 mil trabalhadores desde 2002.
Sobram entrevistas. Em São Paulo, cuja a taxa é a menor para julho desde 2002, também há carência de mão de obra qualificada. A atendente geral Elexsandra Santos Silva, de 26 anos, começou a trabalhar aos 19 anos. Depois de exercer as funções de auxiliar de limpeza e de empregada doméstica, ficou desempregada durante quatro meses neste ano. Segundo ela, não faltaram entrevistas de emprego no período. “”Fiz muitas, mas ainda não tinha encontrado a colocação certa para mim””, explica.
Mesmo sem ter qualificações, Elexsandra conseguiu, há uma semana, um emprego por indicação de uma prima. Desde o último dia 16, ela trabalha como atendente de um restaurante por um salário de R$ 700.
O local precisa de mais funcionários para acompanhar o aumento no número de clientes. “”Contratei recentemente duas funcionárias, e agora estou procurando mais uma pessoa para trabalhar na cozinha””, explica a proprietária, Wafa Chiminazzo. Ela conta que também existem dificuldades por parte de quem quer contratar, principalmente para achar profissionais qualificados que ainda não estejam trabalhando. “”Quando consigo encontrar, eles querem salários mais altos do que eu posso pagar.””
Na falta de funcionários qualificados, Wafa acaba contratando pessoas sem experiência para treinar. Outra solução tem sido dar oportunidades para funcionários de outras áreas na cozinha, função que paga mais. “”Estou sofrendo para conseguir alguém para cozinhar. Recebo muitos currículos, mas quando ligo, a pessoa já arrumou emprego.””