BC planeja novas medidas unilaterais
Para conter a valorização do real, enquanto não for adotada uma ação global para resolver o desequilíbrio no câmbio, novas medidas unilaterais serão usadas pelo Brasil. Henrique Meirelles, presidente do…
Para conter a valorização do real, enquanto não for adotada uma ação global para resolver o desequilíbrio no câmbio, novas medidas unilaterais serão usadas pelo Brasil. Henrique Meirelles, presidente do Banco Central (BC), deu o aviso depois da reunião anual do Fundo Monetário Internacional e do Banco Mundial, que terminou ontem sem anúncio de medidas. No encontro realizado em Washington, ministros da área econômica e presidentes das instituições criadas para garantir equilíbrio monetário, em 1944, discutiram o tema a portas fechadas. Ações concretas só devem ser adotadas a partir da reunião dos presidentes do G-20 na Coreia. – O Brasil não vai desequilibrar sua economia aceitando desequilíbrios de outros países – advertiu Meirelles.
Sem sinal de trégua na “guerra cambial” apontada pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega, cresce a adoção de medidas unilaterais – a principal é a taxação de capital estrangeiro – por outros emergentes, que têm recebido mais dólares por oferecer maior remuneração. – Os mercados veem isso, se ajustam e colocam capital nesses países. Quem tentar resistir vai fracassar. A mensagem aos emergentes é: se acostumem com moedas fortes. Estamos em um mundo diferente – afirmou Philip Suttle, economista-chefe do Instituto de Finanças Internacionais. O Brasil já criou alíquota de Imposto sobre Operações Financeiras de 2% para investimentos em bolsa e 4% para aplicações em renda fixa. No entanto, o alcance dessas medidas é restrito.
A desvalorização é um instrumento usado para ganhar mercado externo – com a moeda mais baixa, os produtos ficam mais baratos. Diretor-gerente do Fundo, Dominique Strauss-Khan, sustentou que a cooperação global deve suavizar o conflito: – Espero que o progresso dessa ideia seja forte o suficiente para evitar mais confrontos, e que cheguemos a uma solução em que todos ganhem. A questão da moeda vai ser uma consequência do reequilíbrio da economia. O principal órgão político do Fundo limitou-se a dividir a responsabilidade entre países deficitários e superavitários, sem citar Estados Unidos e China.