Trensurb e PUCRS têm projetos para revigorar o aeromóvel

Trem impulsionado pelo ar foi concebido nos anos 1970

O aeromóvel parece, enfim, ter encontrado uma vocação. Vinte e seis anos depois de deslizar macio pela primeira vez em Porto Alegre, na pista experimental da Avenida Loureiro da Silva, a invenção do engenheiro Oskar Coester deve estrear remodelado em dois novos pontos da cidade: no trecho entre o Aeroporto Salgado Filho e a linha do Trensurb e no campus da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS).

As experiências devem servir para o lançamento comercial do trem movido a ar, agora ligando trechos curtos, deixando para trás a pretensão de substituir o transporte de massas, como ônibus e metrô. Apesar de ainda não confirmados, os dois projetos estão adiantados. O mais próximo da realidade é a linha do Trensurb, que depende de sua inclusão no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) do governo federal como parte da melhoria de acesso dos aeroportos ao transporte coletivo, medida considerada fundamental para preparar as cidades que receberão a Copa do Mundo de 2014, como Porto Alegre. O estudo de viabilidade urbanística, primeiro passo para aprovação da obra, será apresentado nesta semana.

Segundo Humberto Kasper, superintendente de Desenvolvimento e Expansão do Trensurb, a obra está orçada em R$ 30 milhões, cerca de um quarto do valor de outras soluções oferecidas por fabricantes internacionais. A linha terá cerca de 820 metros e levará até 300 passageiros em um único vagão.

– Dependemos só da liberação dos recursos para começar a obra. Do ponto de vista técnico, está tudo pronto – garante Kasper.

A linha pode ficar pronta em um ano, mas, mesmo que o dinheiro não venha, os entusiastas do projeto comemoram uma nova fase do aeromóvel. A pretensão inicial de Coester, na década de 1970, quando teve a ideia durante congestionamentos na BR-116, era criar um veículo leve, com custo energético menor do que os automóveis, por exemplo, nos quais a relação entre o peso do carro e o do passageiro é de 10 para 1. Coester imaginou um barco à vela ao contrário, com a vela embaixo, empurrada por um túnel de vento e deslizando em trilhos de baixo atrito.

– É um charutinho de alumínio. Tu dá uma soprada e ele vai embora – descreve.

Nunca ficou claro porque o transporte, tido como revolucionário por alguns, não vingou. O jogo, porém, começou a ser virado em 2004, quando o Ministério de Ciência e Tecnologia emitiu parecer recomendando o fomento ao aeromóvel. Em 2007, foi criado o Projeto Aeromóvel entre a PUCRS, a Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e a Aeromóvel Brasil SA, empresa de Coester. Cerca de 150 pesquisadores encontraram novas soluções para tentar colocar o sonho de Coester em prática dentro de dois anos. As pesquisas levaram a inovações que só serão reveladas em agosto, quando o projeto será concluído, após o registro das patentes. Será que, desta vez, o aeromóvel vai?

– Acho que ele nunca parou – sorri Coester.

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