A crise como oportunidade de crescimento

O mês de agosto chegou com um desagradável anúncio à população gaúcha; um pacote de medidas e parcelamento salarial do funcionalismo público que causou uma reação em cadeia, abrangendo também o comércio e demais setores da economia. Não só o atraso na folha salarial afetou a previsão de vendas, que já apresenta uma possível queda de 10% neste mês, como a defasagem na área da segurança pública tem resultado direto no comércio. Segundo levantamento realizado pelo Sindilojas Porto Alegre, 33% das lojas da Capital foram assaltadas, só este ano, em horário comercial.

Com o parcelamento do salário integral, os servidores retiram dos seus orçamentos as compras extras. Desta forma, o comércio não arrecada, o que torna difícil manter o empregador e o pagamento dos tributos. Todo tipo de corte afeta o comércio que, em consequência, impacta também a arrecadação estadual. Além disso, está na pauta do Governo Estadual o aumento de impostos, principalmente do ICMS, prejudicando diretamente o empresário que, impossibilitado de arcar com esse custo sozinho, repassa o valor ao consumidor. O governador Sartori pede apoio à sociedade para o aceite do aumento de tributos, mas a população precisa estar ciente sobre quem vai pagar esta conta.

O comércio é uma das atividades que mais emprega no País, mas é regido por uma legislação trabalhista que tem como foco a indústria. É preciso então, que haja incentivos para o setor, que arca com custos que só aumentam, como aluguel, energia elétrica, logística e demais tributos. É fundamental pensar em uma proposta que beneficie o empregador, o empregado e também a população. Precisamos discutir e encontrar, na crise, uma oportunidade para oxigenar o setor e continuar crescendo.

Vemos que este é um importante momento para discutirmos a flexibilização da carga horária de trabalho e a criação de uma jornada móvel para o comércio, que permita, por exemplo, a contratação por períodos inferiores às oito horas determinadas por Lei. Precisamos criar formas de movimentar o varejo em um cenário de crise para todos os setores. Esta iniciativa é um avanço no atual momento da economia brasileira e, principalmente, gaúcha, e tem o objetivo de manter o trabalhador nas lojas em horas de intenso fluxo de consumidores e os negócios em evolução; além de garantir o surgimento de novos postos, quando o setor apresentar crescimento.

Paulo Kruse – presidente do Sindilojas Porto Alegre

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