Alimentos devem provocar alta do juro

Foi ao visitar a feira, em pleno domingo, que o economista-chefe da Austin Rating, Alex Agostini, consolidou seu diagnóstico: o Banco Central (BC) deve elevar o juro em 0,50 ponto percentual amanhã. – Os…

Foi ao visitar a feira, em pleno domingo, que o economista-chefe da Austin Rating, Alex Agostini, consolidou seu diagnóstico: o Banco Central (BC) deve elevar o juro em 0,50 ponto percentual amanhã. – Os preços dos alimentos subiram muito, não há outra forma de controlar senão com o juro – avalia o economista.

Assim como Agostini, a grande maioria dos analistas ligados a instituições financeiras que semanalmente entregam suas projeções ao BC aposta na elevação da taxa básica de juro de 10,75% para 11,25% ao ano. – Se houver alguma surpresa, será para mais, porque para menos é difícil. Seria mostrar uma confiança muito grande de que a inflação vá recuar rapidamente, o que não é certo – argumenta Agostini.

Além da alta de preços, acentuada no último trimestre do ano passado (veja o gráfico), o aumento de juro é esperado como uma espécie de declaração de autonomia da nova direção do BC, comandada pelo gaúcho Alexandre Tombini, depois de oito anos de reinado de Henrique Meirelles. – Ninguém tem dúvida sobre a postura de Tombini, mas a autonomia operacional será demonstrada pelo aumento do juro – afirma Agostini.

Mesmo quem torce o nariz para o juro alto, como o ex-diretor do BC Carlos Thadeu de Freitas, não vê alternativa para controlar os preços. – Até porque esta alta já foi anunciada com todas as trombetas – comenta, numa alusão a declarações de Meirelles e Tombini que foram interpretadas como prenúncios do aumento do juro.

No entanto, Freitas discorda da necessidade de altas sucessivas que levem a taxa básica acima de 12% até o final de 2011. O ex-diretor adverte que o BC deverá se mover com cautela para que, ao tentar domar a inflação, não comprometa ainda mais a competitividade dos produtos brasileiros no Exterior. – Agora, a liberdade de elevar o juro não é tão grande, porque o real está muito valorizado – afirma Freitas.

O objetivo

– Juro é o preço do dinheiro: para obter uma quantia que não tem, o consumidor paga uma taxa. Portanto, elevar o custo do dinheiro torna crédito e consumo mais caros. Por isso, o objetivo da alta do juro básico, que serve de referência para toda a economia, é desestimular o consumo.

– Com menos procura, a expectativa é a de que os preços não subam tanto, porque a competição pelo cliente se torna maior. Esse efeito não costuma ser imediato. Especialistas estimam entre seis e nove meses o prazo para que uma elevação do juro tenha efeito total sobre os preços.

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