Brasileiro ficará mais inadimplente em 2011, dizem especialistas

De acordo com Rabi, em 2010, a inadimplência deve encerrar o ano com taxa de aproximadamente 5%, percentual que deve ser ultrapassado no próximo ano. Já Praxedes aposta em taxas de 6% em janeiro, chegando a…

De acordo com Rabi, em 2010, a inadimplência deve encerrar o ano com taxa de aproximadamente 5%, percentual que deve ser ultrapassado no próximo ano. Já Praxedes aposta em taxas de 6% em janeiro, chegando a 15% no terceiro mês do ano. “Por conta do aquecimento das vendas no Natal – em decorrência da população que antes não tinha acesso ao crédito – e do alongamento dos prazos, o primeiro quadrimestre do próximo ano é motivo de atenção”, observa Praxedes.

Juros

O aperto da política monetária, com aumento dos compulsórios e provável alta nos juros, também deve contribuir para que a inadimplência seja maior em 2011. Além disso, na opinião de Rabi, o próximo ano não contará “com uma evolução tão favorável do mercado de trabalho”. Entre os vilões do orçamento brasileiro estão as dívidas não bancárias (cartões, lojas, prestadores de serviços e financeiras) e as dívidas com bancos, que devem reverter o quadro de queda apresentado em 2010.

2010

No que diz respeito ao ano que está se encerrando, os dois especialistas avaliam 2010 como positivo quanto à inadimplência da pessoa física. Rabi ressalta, por exemplo, a terceira desaceleração consecutiva nas taxas de inadimplência, que foi de 5,9% em 2009 e deve terminar 2010 em torno de 5%. “Este foi um ano favorável no mercado de trabalho, com as taxas de desemprego em queda durante o ano todo”. O presidente da Telecheque também destaca as taxas menores, de 12,34% ante 12,46% apurada no ano passado, sublinhando, sobretudo, a maior exclusão de emitentes de cheques sem fundos dos cadastros de inclusão e exclusão desta forma de pagamento.

Dívidas não bancárias

Ainda sobre a inadimplência em 2010, as dívidas não bancárias foram as principais responsáveis pela alta de 5% apurada no ano. Segundo cálculos da Serasa, o atraso deste tipo de débito cresceu 35,5% em relação ao ano passado. Por outro lado, o índice de cheques devolvidos registrou queda no período, de 28,5%, movimento que também foi verificado entre as dívidas com bancos e nos protestos de pessoas físicas em cartórios, que recuaram 1% e 15%, respectivamente. Dentre os motivos que mais levaram os consumidores à inadimplência, Praxedes destaca o descontrole financeiro (34,2%), mas não deixa de citar os juros abusivos, especialmente nos cartões de crédito e financeiras. “Quando falamos em descontrole financeiro, não estamos falando em compra por impulso e sim em qualquer tipo de despesa extra inesperada que venha a atingir a população de menor renda, que passou a comprar, mas ainda tem um orçamento muito apertado”, explica.

Perfil

Ainda de acordo com o presidente da Telecheque, em 2010, a população que recebe de dois a três salários mínimos foi a que mais apresentou contas em atraso (21,8%), seguida por aqueles com rendimento mensal entre um e dois mínimos (21,3%) e entre três e quatro mínimos (15,5%). Por gênero, as mulheres foram as que mais se endividaram (54,3%), assim como os consumidores entre 30 e 50 anos, que responderam por 50% das dívidas em atraso. Os gastos com vestuário (18,5%), serviços diversos (16%) e alimentos (10,1%) foram os maiores vilões do orçamento do consumidor brasileiro em 2010.

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