IPCA Porto Alegre – Setembro de 2025

Rodrigo de Assis, economista da Entidade traz informações sobre o IPCA de Poa em setembro

O IPCA registrou em setembro de 2025 uma variação mensal de 0,48%, revertendo a queda de -0,11% observada em agosto. Esse resultado reflete uma aceleração moderada nos preços ao consumidor, impulsionada principalmente por reajustes sazonais em itens de habitação e despesas pessoais. No acumulado de 12 meses, a inflação nacional acumula 5,17%, acima da meta do Banco Central (que, em 2025, projeta-se em torno de 3%), sinalizando desafios persistentes para a política monetária. Em Porto Alegre, o cenário é ligeiramente mais benigno, com variação mensal de 0,50% e acumulado anual de 4,41%, sugerindo uma dinâmica regional mais controlada.

A passagem de uma deflação em agosto para uma inflação positiva em setembro indica um “efeito rebote” típico de fim de ano, quando reajustes contratuais (como aluguéis e tarifas) ganham força. No Brasil, o avanço de 0,48% é o maior desde junho de 2025 (0,55%), mas ainda abaixo da média histórica recente (cerca de 0,35% nos últimos 12 meses). Isso sugere que a inflação não está desancorada, mas requer vigilância.

Em Porto Alegre, o 0,50% mensal é praticamente alinhado à média nacional, mas contrasta com a queda de -0,40% em agosto. Essa resiliência local pode ser atribuída a um setor agropecuário mais estável na região Sul, que mitiga repasses de custos alimentares, e a uma demanda interna por serviços (como educação e saúde) menos volátil.

A composição do IPCA revela desequilíbrios setoriais que impactam desigualmente o orçamento familiar. No Brasil, o grupo de Habitação liderou as altas, com +2,97% mensal, puxado por reajustes em aluguéis (+4,2% estimado) e energia elétrica (+3,1%), refletindo a escassez de oferta habitacional e a dependência de hidrelétricas em período seco. Isso agrava a desigualdade, pois famílias de baixa renda gastam até 30% da renda em moradia. Em contrapartida, Alimentação e Bebidas registrou deflação de -0,26%, graças à colheita abundante de cereais (arroz caiu -21,93% no acumulado anual), aliviando o custo da cesta básica em 5,99% nos 12 meses.

Em Porto Alegre, o padrão é similar, mas com Habitação menos inflacionária (+2,65%), beneficiada por um mercado de locação mais competitivo na região metropolitana. Alimentação, por sua vez, acumula 5,83% em 12 meses, mas com deflação mensal de -0,44%. Outros grupos, como Transportes (+0,01% nacional vs. +0,61% em POA), mostram repasses de combustíveis mais intensos no Sul, possivelmente devido a logística regional.

No acumulado anual:

  • Alimentação e Bebidas: 6,61% (BR) vs. 5,83% (POA) – Pressão persistente, mas em desaceleração; risco de reversão com eventos climáticos.
  • Habitação: Cerca de 6-7% estimado. Fator de risco para inadimplência familiar.
  • Saúde e Cuidados Pessoais: +0,17% mensal (Br). Estável, mas sensível a importações de medicamentos.

Focando no varejo em Porto Alegre, os Artigos de Residência (varejo de bens duráveis como eletrodomésticos e móveis) caíram -0,81% no mês, com acumulado anual modesto de apenas 1,07%, um dos mais baixos entre as capitais. Isso pode indicar estoques elevados e promoções agressivas para estimular compras, em um cenário de famílias priorizando o essencial, com o consumo de itens duráveis sendo postergado em favor de despesas imediatas como moradia e alimentação. Por outro lado, o Vestuário (varejo de roupas e calçados) subiu levemente +0,24% no mês, com 2,82% em 12 meses, mostrando resiliência em itens de moda sazonal, possivelmente ligada ao início da primavera e eventos locais como a Expointer, que impulsionam compras impulsivas em centros comerciais da capital gaúcha.

Economicamente, esses números do IPCA se alinham a um mês desafiador para o varejo gaúcho: o Índice do Varejo Stone (IVS) apontou uma queda de 3,2% nas vendas do Rio Grande do Sul em setembro, na comparação anual, o pior desempenho do ano até então, afetando especialmente o comércio amplo em Porto Alegre.

Por Rodrigo de Assis

 

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