Reis do varejo desenham 2011

Na estreia do Papo de Economia, programa de entrevistas em zerohora.com, o presidente da Lojas Renner, José Galló, e o presidente da Lojas Colombo, Adelino Colombo, projetam as vendas de 2010 dentro do…

Na estreia do Papo de Economia, programa de entrevistas em zerohora.com, o presidente da Lojas Renner, José Galló, e o presidente da Lojas Colombo, Adelino Colombo, projetam as vendas de 2010 dentro do previsto, apesar das medidas do governo para tentar frear o consumo. Os reflexos vão começar a aparecer no início de 2011. – Eu acredito nos ciclos econômicos. Não se pode imaginar que essa tendência (de alta) vai continuar para sempre – disse Galló. Adelino não vê grandes alterações de rota em razão da manutenção de grande parte da equipe econômico do atual governo: – As coisas estão começando bem. Leia a seguir os principais trechos da entrevista concedida à editora executiva de Economia de ZH, Maria Isabel Hammes. O Papo de Economia será ao vivo todas às segundas-feiras, às 13h30min. O vídeo ficará arquivado e pode ser assistido em zerohora.com.

José Galló

Atuando há mais de 30 anos no varejo, é presidente da Lojas Renner desde 1999, rede com 131 lojas no país. Formado em Administração de Empresas pela Escola de Administração da FGV, tem especialização em marketing no Brasil e no Exterior. Integra o Conselho de Administração da SLC Agrícola e participa de várias entidades de classe.

O Natal e as medidas de restrição do governo

Nós dependemos menos do crédito, porque vamos até oito vezes com juros ou cinco vezes sem. Não vamos ter nenhum problema a respeito do que está projetado. Até porque essas medidas levam tempo até haver o recolhimento dos recursos do compulsório, até os bancos se adequarem. Leva dois, três, quatros meses. Então, para este Natal, tudo continua igual.

Perspectivas 2011

A gente está com todas as variáveis favoráveis para o consumo. Temos o aumento de renda, da massa salarial, os juros relativamente estáveis – se bem que vamos ter uma alteração – ,o índice de confiança do consumidor, que nunca esteve tão alto, mas isso tem limite. Não se pode imaginar que essa tendência vai continuar para sempre. Dá para se ver em alguns setores um aquecimento que começa a fugir do controle. Na construção civil você começa a ter problemas de mão de obra, aumentos salariais acima da inflação. Não tenho dúvidas de que a gente vai ter de dar uma segurada. Até porque o governo exagerou nos gastos eleitorais, o mercado está muito aquecido. Se quisermos continuar com esta estabilidade, não vejo que não devamos reduzir o ritmo da economia. Além disso, a gente tem uma base boa. O próprio PIB vai dizer isso. Vamos crescer entre 6,4% e 7%, devemos cair para 4%, 4,5%, mas vamos continuar crescendo. Mas que tem de haver uma redução, um certo esfriamento, para prudência e para o nosso bem para o futuro, não tenho dúvida. Parece que as autoridades que estão tomando posse estão fazendo isso. A presidente eleita, o ministro da Fazenda. A gente vê boas cabeças, como o Palocci (Antonio) na Casa Civil, que sabem o que é uma economia aquecida ou não. Vamos ter um bom ano, mas será um ano de um pouco de cautela e prudência.

Medidas prioritárias

Reforma tributária, trabalhista, de encargos previdenciários, são necessárias. A gente está vivendo um momento delicado de desindustrialização, e a nossa falta de competitividade está um pouco nos juros. Talvez a falta de competitividade e a desindustrialização provocariam essa reforma tributária. Hoje, quando a gente compara qualquer preço, tudo é caro no Brasil. Quando você começa a ver os encargos sociais: 12%,15%, 20% em outros países e o nosso é praticamente 100%. Que realmente cuidasse da estabilidade e da competitividade.

Expansão em 2011

A previsão é de abrir 30 lojas novas em 2011. A gente entrou em um jogo que tem de jogar conforme as regras, que são ocupar espaço antes que alguém ocupe esse espaço. Não podemos negar que somos um país altamente atrativo. Redes internacionais estão chegando. Então, ou a gente ocupa esse espaço ou eles ocupam.

Adelino Colombo

Fundador e presidente das Lojas Colombo, hoje com 340 filiais no Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, São Paulo e Minas Gerais, com um faturamento de R$ 1,3 bilhão em 2009. Nascido no interior de Farroupilha, Adelino trabalhou como vendedor e assumiu tornou-se empreendedor em 1959.

O Natal e as medidas de restrição do governo

Na nossa área nós financiamos em até 24 pagamentos. Então, não me parece, embora eu não conheça propriamente toda a medida, que nos atinge porque não fazemos financiamentos longos – no máximo, 24 meses. Então, não há preocupação.

Perspectivas 2011

O cenário é bom, estamos encerrando o ano com uma economia forte. Acho que o Brasil amadureceu, está com estabilidade econômica, não há mais aquela preocupação de um problema externo que pudesse atingir a economia brasileira. Então, há um cenário positivo, e imaginamos que teremos um ano muito bom, assim como foi 2009. E a gente sempre espera um pouco melhor do ano novo. Eu acho que é positivo o cenário para o ano que vem.

O novo governo

A administração da economia deverá continuar na atual política do governo Lula. A prova disso é que estão sendo mantidos os principais elementos: o ministro da Fazenda e outros. Então, me parece que a nossa presidente está mostrando realmente a preocupação de manter o ritmo de trabalho que o presidente teve até agora. Sem dúvida, deverá haver uma continuação. Então, isso nos dá um ânimo, uma esperança de que, de fato, possamos ter uma boa presidência. Não tenho dúvidas de que nossa presidente é uma pessoa inteligente, competente. Me parece que as coisas estão começando bem.

Medidas prioritárias

Uma reforma tributária, mas confesso que não acredito muito, é muito complicada. Precisa mexer nos governos do Estado, nas prefeituras. Só com muita vontade política isso pode acontecer. E também eu não tenho muita esperança de que uma reforma tributária seja um fator de redução de impostos. Não acredito muito nisso, porque se sabe que o Estado e a União precisam de recursos para poder administrar seus negócios. Eu sou um pouco cético nesse sentido.

Expansão em 2011

Não tenho um número ainda pronto. Nós dependemos de pontos, de espaço. Mas a competitividade na nossa atividade está muito grande, a concorrência é uma coisa impressionante, então, nos obriga, nós temos de crescer. Aliás, o crescimento está no DNA da nossa empresa, desde que ela nasceu. Nós crescemos muito nos anos difíceis. Na década de 80, a década perdida, foi a década que mais crescemos. Na quarta-feira (amanhã), estaremos abrindo uma loja nova. Estamos sempre com a preocupação de expansão, de crescimento e de criar volume. O nosso negócio é volume, temos que ter volume, porque sem volume, com uma margem muito pequena, não tem condições. |Zero Hora|

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