Calçado gaúcho é barrado pelo governo argentino

Cerca de 500 mil pares equivalentes a US$ 10 milhões aguardam liberação para entrar no país

Um prejuízo milionário se avizinha da indústria calçadista gaúcha. Sem autorização para entrar na Argentina, caixas e mais caixas de sapatos se acumulam nos depósitos das empresas do Vale do Sinos. Valendo-se da burocracia que envolve a entrada dos produtos no país, o governo argentino está burlando acordos firmados anteriormente, de acordo com empresários da região. São 500 mil pares à espera de liberação, em um prejuízo estimado pela Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados) de cerca de US$ 10 milhões. O prazo máximo para as liberações, conforme a Organização Mundial de Comércio (OMC) e acordado com o governo argentino, é de 60 dias. Ontem, porém, uma das empresas gaúchas amargou o 127º dia sem obter a documentação para entrada. – Caso a situação não seja resolvida com urgência, toda a temporada estará em risco, com sérios danos às marcas e aos investimentos feitos pelo setor brasileiro no país vizinho. A maior parte dos pedidos ainda não entrou em produção, pois aguarda as liberações – afirma o diretor executivo da Abicalçados, Heitor Klein.

Coleção outono-inverno sob risco de chegar tarde

Quase metade desses produtos estão sob responsabilidade do representante da Piccadilly na Argentina, Denilson Silveira. O executivo conta que 280 mil pares estão à espera da liberação. Um valor estimado pela empresa em US$ 4,5 milhões está guardado dentro de caixas paradas. O que mais indigna os empresários gaúchos é o que consideram descaso dos hermanos. O mais grave, segundo apontam os empresários, é que os produtos trancados em depósitos são a nova coleção de outono-inverno. Caso as licenças não sejam liberadas nos próximos dias, as criações gaúchas não estarão nas vitrinas das cidades argentinas a tempo de fazer frente à concorrência. – Já temos hoje mais de cem dias de licença pendente. Calçado é moda e, se chega fora de época, perde valor comercial. São botas de inverno, sapatos fechados, por exemplo, que se não entrarem ainda em março, quando troca a coleção, depois não terão mais valor nenhum – argumenta Silveira. Para melhorar a situação, a Abicalçados vinha intervindo por meio de comunicação direta com o governo argentino. Nos últimos tempos, porém, as autoridades do país vizinho não estariam mais respondendo aos contatos, seja da entidade, do governo brasileiro ou das empresas prejudicadas. A Abicalçados enviou esta semana mais um comunicado ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior enfatizando a gravidade da situação.

Veja também

    Noticias

    Nervos de aço: como lidar com os sentimentos frente às tragédias

    Veja mais
    Noticias

    Sindilojas Porto Alegre marca presença na maior Feira de inovação da América L...

    Veja mais
    PesquisaNoticias

    Resultados de vendas do Dia das Crianças: quase 20% dos lojistas venderam mais

    Veja mais
    Noticias

    Sindilojas POA é apoiador da 25ª Construsul

    Veja mais