Mais duas medidas para conter a queda do dólar

Embora o ministro da Fazenda, Guido Mantega, diga que as medidas tomadas recentemente pelo governo no câmbio tenham tido efeito, mais uma ação foi anunciada ontem. Dessa vez, com impacto duplo para conter a…

Embora o ministro da Fazenda, Guido Mantega, diga que as medidas tomadas recentemente pelo governo no câmbio tenham tido efeito, mais uma ação foi anunciada ontem. Dessa vez, com impacto duplo para conter a valorização do real em relação ao dólar. Primeiro, foi anunciado pelo próprio ministro, em São Paulo, um novo aumento do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), de 4% para 6%, sobre os investimentos estrangeiros em renda fixa no país. Essa taxação já havia sido elevada de 2% para 4% no último dia 4.

Segundo, o IOF incidente sobre as margens pagas pelos estrangeiros que aplicam em qualquer operação no mercado futuro subiu de 0,38% para 6%. O aumento da alíquota não inclui os bancos nacionais. Nesse caso, a meta do governo é reduzir a rentabilidade dessas operações e diminuir a alavancagem, que é uma estratégia na qual o investimento tenta aumentar as possibilidades de rendimento. O volume de margem dos estrangeiros, hoje, é de US$ 20 bilhões, o que significa uma capacidade de alavancagem de US$ 200 bilhões.

– O objetivo (das medidas) é atenuar os excessos que possam ser cometidos. Não vai parar a valorização do real – reconheceu Mantega. – Queremos reduzir o apetite dos aplicadores de curto prazo, que querem ganhar rapidamente com os juros altos. O ministro explicou que, no longo prazo, o Brasil é um país muito atraente para os investidores, porque oferece segurança e taxas de juros elevadas. Mas, em seguida, negou que as medidas adotadas pelo governo não estejam surtindo o efeito esperado. Segundo Mantega, se o IOF não tivesse subido, a valorização do real teria sido mais forte, principalmente com a entrada de recursos para a capitalização da Petrobras. Em setembro, a entrada líquida de capitais chegou a US$ 16 bilhões. – Em outubro de 2009, quando colocamos o IOF de 2% sobre as aplicações estrangeiras em bolsa, o dólar estava em R$ 1,70. Agora, um ano depois, está em R$ 1,66 – comparou. – Não fossem as medidas que temos tomado, a queda do dólar teria sido bem mais intensa.

Mas, segundo o economista-chefe do Banco Fator, José Francisco de Lima Gonçalves, o novo aumento do IOF deixa claro que o governo não está satisfeito com o impacto das medidas anteriores. – Deram um passo pequeno. Agora, outro maior. Se mais esse passo não gerar o resultado esperado, outras medidas virão – avalia o especialista.

Mantega volta a pedir ação coordenada entre países

Ontem, antes do anúncio feito por Mantega, a cotação da moeda norte-americana fechou estável, a R$ 1,666 para venda. E o ministro voltou a afirmar que há uma guerra cambial no mundo, que precisa ser “desativada”, porque muitos países estão tomando medidas para desvalorizar suas moedas, como Japão, Suíça ou Tailândia. Mantega citou ainda a emissão de moeda pelos Estados Unidos e a política chinesa de atrelar o yuan ao dólar. – A solução é uma ação coordenada entre os países. Fazer uma espécie de acordo cambial. Mas enquanto não se consegue chegar a um acordo, não posso ficar assistindo a valorização do real – ressaltou. Nos últimos dias 9 e 10, ministros e presidentes de bancos centrais de diversos países estiveram reunidos no encontro anual do Fundo Monetário Internacional em Washington, sem conseguir um entendimento.

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