O que muda na vida do brasileiro com o dólar a R$ 3

Moeda americana atingiu maior valor dos últimos 11 anos nesta semana e isso deve impactar, principalmente, em aumento de preços de produtos

A disparada da principal moeda do mundo pode parecer algo…

Moeda americana atingiu maior valor dos últimos 11 anos nesta semana e isso deve impactar, principalmente, em aumento de preços de produtos

A disparada da principal moeda do mundo pode parecer algo distante, mas tem impacto no dia a dia. Da escolha do destino nas próximas férias ao vinho do final de semana, os hábitos diários devem ser afetados — se é que já não estão.

Adiar a viagem para o Exterior ou mudar para um destino nacional, pagar mais caro pelo perfume importado ou trocar para uma marca brasileira, ir até a fronteira fazer compras ou investir em produtos de prateleiras mais próximas. Essas são algumas escolhas que passam a fazer parte da rotina diariamente com a subida veloz do dólar — que chegou ao valor mais alto em 11 anos.

— A gente esperava o dólar a R$ 3 no fim do ano, não em março. Essa guinada antecipa o ano difícil que todos devemos enfrentar — comenta o economista-chefe da Pezco Microanalysis, João Ricardo Costa Filho.

Assim como Costa Filho, a gestora da Zenith Asset Management Débora Morsch concorda que a alta do dólar pode ser ruim em muitos aspectos, mas que a moeda chegou no patar “que deveria”.

— Um hotel três estrelas e meia-boca no Nordeste estava custando o mesmo para o brasileiro se hospedar em um cinco estrelas em Cancun. Por isso, a opção mais comum era o Exterior. Agora, essas coisas devem se ajustar, assim como todo o mercado — analisou Débora.

Com base no que os especialistas disseram, ZH listou o que a guinada do dólar está provocando na vida dos brasileiros.

Viagens internacionais
Como o real supervalorizou nos últimos 11 anos, passou a ficar em conta (ou até mais barato) viajar para fora do que para destinos internos. Com a recuperação do dólar, a tendência é de que os brasileiros adiem uma possível ida aos Estados Unidos ou a Europa.

Aumento de preços
Quando a moeda americana fica mais valorizada, a inflação tende a subir. Essa inflação, que começa afetando os produtos internacionais importados, acaba também contaminando os itens que, teoricamente, não são cotados em dólar. Isso acontece porque muitos dos produtos são comercializados na moeda americana para exportação e, se eles são vendidos lá fora por um preço maior, o comerciante brasileiro acabará aumentando o preço por aqui, para não ter desvantagem na venda.

Além disso, muitos produtos nacionais utilizam componentes importados. Com efeito bola de neve, a alta do câmbio tende a empurrar todos os preços para cima, estando ou não diretamente ligados à exportação.

— Mesmo a empresa que exporta e está lucrando mais, tem os custos aumentados pelo mau momento da economia interna. Com isso, o ganho real fica nulo e o empresário não consegue reduzir o preço do produto — explica Costa Filho.

Poder de compra
Tanto para quem viaja, quanto para quem importa, está mais caro consumir produtos importados. A conta é simples: o salário em reais continua o mesmo, mas o câmbio para a moeda americana está aumentando o valor em moeda brasileira. Assim, está mais caro comprar dólar e comprar em dólar. Para o turista, também há o preço das passagens aéreas, que são quantificadas em moeda americana.

— Nós, que estamos acostumados a ir a Rivera comprar vinho, whisky e perfume, vamos ter de calcular para ver se vale à pena a viagem. Tem que ver se a diferença entre os preços de lá, que são em dólar e, por isso, estão mais caros, não supera o preço da viagem, ainda mais com a alta da gasolina — recomenda a economista Débora.

Destinos nacionais
Se por um lado está mais difícil ir para o Exterior, deve ficar mais em conta viajar pelo Brasil. Isso porque, com a desvalorização do real, hotéis e pacotes de turismo tendem ficar mais baratos quando comparados com o valor convertido para dólar.

— Quem ia para Cancun, pode muito bem repensar a escolha para uma praia do Nordeste. Antes, uma viagem para os dois lugares podia custar a mesma coisa, mas, agora, com certeza o Nordeste vai sair mais em conta — comenta Débora.

Produtos nacionais
Em um cenário em que ir aos freeshops não é mais vantajoso, pode não ser a melhor escolha continuar consumindo vinho estrangeiro ou marcas de cosméticos importadas. Encontrar produtos tão bons quanto os importados pode ser uma boa opção.

Turistas estrangeiros
Com a desvalorização do real, pode aumentar o desembarque de turistas estrangeiros, que consumem e injetam dinheiro na economia brasileira.

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