Governo muda seguro-desemprego

O Ministério do Trabalho decidiu apertar o cerco contra supostos pagamentos indevidos do seguro-desemprego. Desde a semana passada, o novo software que habilita os pedidos no Sistema Nacional de Emprego (Sine)…

O Ministério do Trabalho decidiu apertar o cerco contra supostos pagamentos indevidos do seguro-desemprego. Desde a semana passada, o novo software que habilita os pedidos no Sistema Nacional de Emprego (Sine) no Estado bloqueia o benefício se houver uma vaga compatível com o perfil do trabalhador nos bancos de dados do governo.

Para se habilitar ao seguro, a partir de agora o trabalhador precisa participar de um processo seletivo indicado pelo Sine na chamada “carta de encaminhamento”. As informações sobre as oportunidades de emprego fazem parte da Classificação Brasileira de Ocupações (CBO) e do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged). Se recusar a vaga, o seguro só será pago se a justificativa do trabalhador for aceita pelo Sine. – Eventualmente a recusa (do emprego) pode cancelar o benefício. O sistema prevê a recusa (pelo trabalhador) em várias situações. Mas vai depender do motivo – disse o diretor do Departamento de Relações com o Mercado de Trabalho da Fundação Gaúcha de Trabalho e Ação Social (FGTAS), Joaquim Costa.

A mudança integra o programa Mais Emprego, desenvolvido pela Dataprev por recomendação do Ministério Público Federal. O programa cruza dados de vários órgãos e gera automaticamente um processo de seleção quando for identificada vaga compatível com o perfil do solicitante.

O novo software começou a ser testado na última segunda-feira em três Estados. Também está em operação no Mato Grosso e no Mato Grosso do Sul. No Estado, foi implantado em 63 agências do Sine administradas pela FGTAS, que abarcam cerca de 70% dos pedidos de seguro-desemprego do Rio Grande do Sul. Desde julho, era aplicado na Paraíba num projeto-piloto.

A intenção do MTE é estender o Mais Emprego a todo o país em 2011. O anúncio deverá ser feito pelo ministro Carlos Lupi nas próximas semanas, antes da troca de governo.

Magistrado diz que medida é ilegal

Oficialmente, o programa tem como objetivo combater o desemprego e aumentar a segurança do sistema. Mas, na prática, tem se revelado um constrangimento para os usuários. Por determinação do Sine, a vendedora Ana Lúcia Shantz Ávila foi encaminhada ao gerente de uma cafeteria no bairro Moinhos de Vento, em Porto Alegre. – Eu vendo sapatos e roupas. O que vou fazer numa padaria? – questionava, indignada.

Ana Lúcia disse que não houve opção: ou aceitava fazer a entrevista de emprego ou o processo nem seria aberto. A vaga, identificada pelo CBO como “vendedor de comércio varejista”, oferecia metade do último vencimento dela. – Estou chateado. Fui surpreendido por essa determinação – reclamou o gerente Marcelo Schott.

Ana Lúcia tem direito a duas parcelas de R$ 954,21 do seguro-desemprego, calculadas pelo Sine. O salário na cafeteria seria de R$ 640. Depois da entrevista, a desempregada teve de voltar à agência para apresentar o resultado da seleção. Só então conseguiu encaminhar o pedido do seguro.

O vice-presidente da Associação dos Magistrados do Trabalho (Amatra), Joe Ernando Deszuta, criticou a decisão do Ministério do Trabalho. – É ilegal. O trabalhador tem o direito de escolher se prefere o seguro-desemprego a que faz jus ou se se submete às vagas oferecidas pelo governo. Essa interferência na vida do cidadão é inaceitável – disse.

Deszuta recomendou que os usuários que se sentirem prejudicados com a medida ingressem com denúncia no Ministério Público do Trabalho.

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