PIB 3º trimestre de 2025 e reflexos para o varejo
“Entre expansão e cautela: como o varejo reage às tendências econômicas”
O PIB do 3º trimestre de 2025 confirmou a lenta desaceleração da economia brasileira, com crescimento de apenas 0,1%, indicando que o ritmo de atividade praticamente estagnou no segundo semestre. O avanço do ano segue sustentado por setores menos dependentes do consumo interno, como agropecuária, petróleo e exportações, enquanto consumo das famílias e serviços perderam força, pressionados por juros altos e crédito mais restrito.
Para 2025, o crescimento deve fechar entre 2,2% e 2,4%. Já 2026 tende a ser um ano de expansão baixa, entre 1,8% e 2,0%, exigindo cautela dos empresários diante de juros ainda elevados e incertezas econômicas.
No Rio Grande do Sul, o varejo segue se destacando nacionalmente, com crescimento acima da média brasileira, impulsionado principalmente por materiais de construção e veículos, ligados às obras e à reconstrução. Em contraste, Porto Alegre começa a sentir o esgotamento desse impulso, com indícios de queda nas vendas do varejo tradicional, ainda que o mercado de trabalho ainda mostre resiliência, com saldo de empregos no ano acima do esperado.
Em setembro, a capital teve baixo saldo de empregos (+372 vagas), concentrado em indústria e construção. No varejo, o mês foi negativo (–92 vagas), o pior resultado de 2025. A inflação controlada ajuda a preservar renda, mas não tem sido suficiente para estimular consumo de itens não essenciais.
O cenário indica um fim de ano razoável, mas 2026 exigirá gestão cuidadosa, foco em eficiência e atenção ao comportamento mais cauteloso do consumidor, especialmente no varejo urbano.
Por Rodrigo de Assis – economista do Sindilojas Porto Alegre